Existem coisas na vida que a
gente nunca esquece. O passado nos marca como ferro quente: um perfume faz
lembrar um grande amor, uma canção nos traz a memória velhos amigos, cada uma
tem sua âncora no tempo. Aos cidadãos de Chapadinha porém existem uma tal
âncora temporal comum a todos: Isaías Fortes de Menezes.
Como não lembrar do
passado de Chapadinha quando se pronuncia e se lê este nome em algum lugar?
Isaías é símbolo de nostalgia, sim aqueles velhos tempos em Chapadinha, onde
não se podia distinguir entre o interior do município e o próprio município.
Como eu poderia não lembrar da
minha infância e adolescência correndo pelas ruas sem calçamento e sem asfalto,
ladeadas de lixo? Quando se fala em Isaías logo me vem aquele velho aroma de
lixeiras transbordantes nos cantos das praças, dividindo com a população seus
germes e doenças tropicais que eram quase que sem sucesso tratadas nas unidades
de saúde sem recursos da nossa cidade.
Quando penso em Isaías me lembro dos tempos
de colecionador de figurinhas, quando eu adentrava os comércios da cidade e via
as velhas prateleiras de madeira cheias de teias de aranhas e montinhos
pequenos de cada tipo de produto, organizados com enormes espaços entre si,
lembro muito bem que no centro da cidade as chamadas quitandas eram tão poucas,
os prédios desalugados e sem esperança eram muitos.
Os produtos eram velhos e
era até uma prática de todos sempre olhar com muita cautela as datas de
validade (não por desonestidade dos nossos comerciantes, mas por não haver
saída de produtos com devida rapidez). Quando ouço os “discursos humorísticos”
de Isaías lembro sem riso e nenhuma alegria de quando minha família como todas
em Chapadinha tinha que esperar o caminhão da COBAL (quem lembra?) pra fazer
uma compra digna, com produtos que de outra forma nunca chegariam à nossa
cidade, por não haver capital de giro e confiança no dinheiro do município por
parte dos nossos comerciantes.
Lembro muito bem do velho Supermercado Paulista
(único supermercado que subsistiu por um tempo), onde íamos comprar determinado
produto e se déssemos o provável azar de não encontrar, teríamos de esperar um
mês que era quando os produtos seriam repostos nas prateleiras. Esse era o
quadro do comércio de Chapadinha desenhado pelo seu então prefeito Isaías
Fortes de Menezes.
Ah Isaías, esse nome é tão cheio de lembranças. Lembro tão
fortemente que a cidade era carregada por um ar de ansiedade no fim de cada
mês, quem seria sorteado dessa vez? Quem teria a sorte de cair dentro da
cartola de Isaías e receber como esmola alguma parte do salário atrasado por
meses? Como dizem seus seguidores... é um Pai, o Paía.
E lembra mesmo um pai,
daqueles que deixa os filhos a noite em casa chorando, sem o que comer, vestir
e calçar, e sai pra algazarra. Isaías é do tipo do pai opressor que comete a
violência patrimonial e moral. Violência moral sim, lembro ainda do tempo do
Paía, quando professor era a classe mais descreditada da cidade, quando uma
certa grande loja proibiu a venda a crédito para professores e servidores
municipais.
Como doía ser difamado, chamado de caloteiro quando a culpa não era
do próprio servidor, lembro ainda dos conselhos do papai zazá: “se... se... se... vvvvv.... vocêr num tem
dinheiro... qqqq quer fffazê compra fiado pppp pra quê?” Sábias palavras
hein papaizão? Se o povo não tinha dinheiro, queria comer pra que né zazá? Se o
povo não tinha dinheiro, queria remédio pra que? Se o povo não tinha dinheiro
queria se vestir pra quê, se o povo não tinha dinheiro, queria viver pra quê?
Ooohh papaizinho, quando lembro do senhor lembro também dos grandes coronéis
travestidos de bem feitores nas fazendas de café do Brasil pós colonial, onde
todos ganhavam favorzinhos aqui e ali, mas na verdade eram escravos oprimidos.
Num sentido figurado quem nunca ganhou uma continha de água paga do papaizão
zazá? Quem nunca ganhou um gás? Quem nunca ganhou uma carninha? muitos de nós né?
Fomos tratados semelhante aquela infeliz mulher que apanha de um marido boçal,
mas no fim do dia ele chega em casa com flores e bombons, então todas as
agressão são deixadas de lado. Papai zazá, sempre foi assim carinhozão, dando
flores e bombons para o povo que oprimia. Sempre perpetuou a miséria e falta de
dignidade.
Papai, não precisávamos de presentinhos, queríamos era emprego,
aliás... emprego até tínhamos, queríamos era receber como trabalhadores livres
os nossos salários, porque aquele tempo que vivemos foi de escravidão, depender de
voce e trabalhar sem receber. Ooh Izaías! não adianta você me traz lembranças,
de você nunca esqueço, seu nome e seu passado a sua história.
Mas quem disse
que relembrar o passado é bom? Desse tempo não tenho saudades, da sua
administração esse povo não sente falta. Não quero mesmo reviver toda aquela
história outra vez, seu nome está impregnado nos seus aliados, não adianta
mascarar as coisas feias que fez com a Beleza temporária, sim Beleza passa,
como bem diz o ditado, Beleza não põe mesa.
Não da pra acreditar que seu apoio
é somente por causa dos lindos olhos da sua candidata, que você veio pra festa de
aniversário sem querer a maior fatia do bolo... mas papai agora num rola mais,
quando éramos meninos, pra muitas festas você foi, e por lá comeu sua fatia de
bolo sozinho. Agora somos grandinhos, fazemos nossas escolhas sozinhos.
Obrigado
pelo seu conselho, obrigado aí pela sua última tentativa de nos “criar” não
seria agora que esse povo seria bem servido por você e seus aliados, o que
precisamos é de dignidade o que queremos é emprego, nossos salários NOS NOSSOS
bolsos, e pra nossas crianças pratos fartos, precisamos de alegria em nossas
casas e fruto do nosso trabalho em nossa mesa, a qual não serve essa tal
Beleza.
Por: Paulo Sullyvan
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