A morte de jornalistas e radialistas causa espanto, indignação, mas
na maioria dos casos esão fadadas à impunidade. Não é de hoje que os
profissioanis da imprensa são silenciados por pistoleiros a mando de
“figurões” ameaçados por suas acusações.
A execucação do jornalista e blogueiro Décio Sá, ocorrida em um
restaurante, na noite desta segunda-feira (23) na Avenida
Litorânea, apenas demonstra a fragilidade da vida desses profissioanais,
desprotegidos e expostos por suas declarações e reportagens.
É mais um numa lista extensa. Em 1998, o jornalista maranhense
Donizetti Adauto foi morto em Teresina, por pistoleiros contratados por
seu ex-amigo Djalma Marques. O crime teve motivação política, e até
hoje, embora as investigações tenham apontado a autoria do crime, o
julgamento não aconteceu.
Enquanto isso, o mandante Djalma trabalha como professor no curso de
direito da Universidade Federal do Piauí. A polícia concluiu o inquérito
há anos, mas “manobras jurídicas” impedem o julgamento dos responsáveis
pela morte do jornalista, que já tinha sido expulso do Maranhão por
causa de suas matérias investigativas que apontavam negociatas e
corrupção nas diferentes esferas do poder. O assassinato teve grande
repercussão nacional. Mas continua impune.
Em 2001, foi a vez do radialista Jorge Vieira, ser morto na cidade de
Timom. Ele tinha um programa na Rádio Tropical, atual CBN, em Teresina.
O programa “Fala Timon”, fazia duras críticas à gestão do então
prefeito Chico Leitoa. No dia 30 de março de 2001, depois de encerrar o
programa, o radialista se dirigiu para Timon. Ao chegar em casa, antes
de entrar, foi pego de emboscada e alvejado a trios. Três homens estavam
num carro à sua espera. Foram três tiros sem chance de defesa.
Os tiros atingiram o peito, o braço direito e a região o pescoço. O
radialista agonizou sete dias no hospital São Marcos em Teresina, vindo a
falecer. Na época, o Sindicato dos Radialistas do Piauí fez diversas
manifestações de protesto.A Polícia investigou e dividiu o crime em três
etapas: planejamento, co-autoria e autoria. Foram indiciadas sete
pessoas.
O Ministério Público acolheu o relatório do delegado e denunciou os
sete à Justiça. Entre os denunciados estão a então: a ex-primeira dama
do município, esposa do então prefeito Chico Leitoa, o secretário
municipal de Administração e Finanças, a governanta da casa do prefeito e
uma funcionária pública municipal. Todos como planejadores. Além
desses, mais três, como autor e co-autores.Jorge Vieira hoje dá nome à
penitenciária de Timon, e apesar da imensa repercussão nacional, até
agora ninguém foi penalizado pela morte do radialista.
Tim Lopes foi assassinado por traficantes no Rio de Janeiro. Foto:
Rede GloboEm 2002, o jornalista Tim Lopes foi assassinado por
traficantes do Rio de Janeiro enquanto apurava denúncias de exploração
sexual e consumo de drogas por menores nos famosos bailes funk.A
repercussão do caso tomou proporções gigantes. Especialmente por Tim ser
um repórter da Rede Globo, que fez uso de toda a sua influência para
pressionar as autoridades e coloborar com as investigações. Várias
equipes de reportagens foram colocadas à serviço de matérias
investigativas, que levaram ao mandante e executores do jornalista. Os
que não foram mortos, foram julgados e condenados.
E o caso de Décio não pode ser apenas mais um. Ele era funcionário do
Sistema Mirante de Comiunicação. A empresa precisa usar de sua
influência e pressionar as autoridades, além de colaborar nas
investigações e repercutir o caso, para que não caia no esquecimento. Os
jornalistas precisam se unir e levantar a bandeira de Décio Sá, que
entre outras coisas, combatia a impunidade em casos de crime dessa
natureza.Décio Sá foi executado num restaurante na Litorânea.
A sociedade e a classe de jornalistas não pode perder a capacidade de
se indignar e de lutar contra absurdos dessa natureza. Chega de
impunidade. Chega de tentar calar a voz da imprensa. Chega de crimes de
pistolagem. Vamos dar um basta, e que a morte de Décio seja um divisor
de águas na triste história da impunidade dos crimes de encomenda no
Maranhão.
Do Blog Luís Cardoso
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