quarta-feira, 25 de abril de 2012

Mortes de jornalistas continuam impunes.


A morte de jornalistas e radialistas causa espanto, indignação, mas na maioria dos casos esão fadadas à impunidade. Não é de hoje que os profissioanis da imprensa são silenciados por pistoleiros a mando de “figurões” ameaçados por suas acusações.

A execucação do jornalista e blogueiro Décio Sá, ocorrida em um restaurante, na noite desta segunda-feira (23) na Avenida Litorânea, apenas demonstra a fragilidade da vida desses profissioanais, desprotegidos e expostos por suas declarações e reportagens.

É mais um numa lista extensa. Em 1998, o jornalista maranhense Donizetti Adauto foi morto em Teresina, por pistoleiros contratados por seu ex-amigo Djalma Marques. O crime teve motivação política, e até hoje, embora as investigações tenham apontado a autoria do crime, o julgamento não aconteceu.
Enquanto isso, o mandante Djalma trabalha como professor no curso de direito da Universidade Federal do Piauí. A polícia concluiu o inquérito há anos, mas “manobras jurídicas” impedem o julgamento dos responsáveis pela morte do jornalista, que já tinha sido expulso do Maranhão por causa de suas matérias investigativas que apontavam negociatas e corrupção nas diferentes esferas do poder. O assassinato teve grande repercussão nacional. Mas continua impune.

Jorge Vieira. Foto: Folha Maranhão
Jorge Vieira. Foto: Folha Maranhão

Em 2001, foi a vez do radialista Jorge Vieira, ser morto na cidade de Timom. Ele tinha um programa na Rádio Tropical, atual CBN, em Teresina. O programa “Fala Timon”, fazia duras críticas à gestão do então prefeito Chico Leitoa. No dia  30 de março de 2001, depois de encerrar o programa, o radialista se dirigiu para Timon. Ao chegar em casa, antes de entrar, foi pego de emboscada e alvejado a trios. Três homens estavam num carro à sua espera. Foram três tiros sem chance de defesa.

Os tiros atingiram o peito, o braço direito e a região o pescoço. O radialista agonizou sete dias no hospital São Marcos em Teresina, vindo a falecer. Na época, o Sindicato dos Radialistas do Piauí fez diversas manifestações de protesto.A Polícia investigou e dividiu o crime em três etapas: planejamento, co-autoria e autoria. Foram indiciadas sete pessoas.

O Ministério Público acolheu o relatório do delegado e denunciou os sete à Justiça. Entre os denunciados estão a então: a ex-primeira dama do município, esposa do então prefeito Chico Leitoa, o secretário municipal de Administração e Finanças, a governanta da casa do prefeito e uma funcionária pública municipal. Todos como planejadores.  Além desses, mais três, como autor e co-autores.Jorge Vieira hoje dá nome à penitenciária de Timon, e apesar da imensa repercussão nacional, até agora ninguém foi penalizado pela morte do radialista.

Tim Lopes. Foto: O Globo
Tim Lopes. Foto: O Globo

Tim Lopes foi assassinado por traficantes no Rio de Janeiro. Foto: Rede GloboEm 2002, o jornalista Tim Lopes foi assassinado por traficantes do Rio de Janeiro enquanto apurava denúncias de exploração sexual e consumo de drogas por menores nos famosos bailes funk.A repercussão do caso tomou proporções gigantes. Especialmente por Tim ser um repórter da Rede Globo, que fez uso de toda a sua influência para pressionar as autoridades e coloborar com as investigações. Várias equipes de reportagens foram colocadas à serviço de matérias investigativas, que levaram ao mandante e executores do jornalista. Os que não foram mortos, foram julgados e condenados.

E o caso de Décio não pode ser apenas mais um. Ele era funcionário do Sistema Mirante de Comiunicação. A empresa precisa usar de sua influência e pressionar as autoridades, além de colaborar nas investigações e repercutir o caso, para que não caia no esquecimento. Os jornalistas precisam se unir e levantar a bandeira de Décio Sá, que entre outras coisas, combatia a impunidade em casos de crime dessa natureza.Décio Sá foi executado num restaurante na Litorânea.

Décio Sá.
Décio Sá.

A sociedade e a classe de jornalistas não pode perder a capacidade de se indignar e de lutar contra absurdos dessa natureza. Chega de impunidade. Chega de tentar calar a voz da imprensa. Chega de crimes de pistolagem. Vamos dar um basta, e que a morte de Décio seja um divisor de águas na triste história da impunidade dos crimes de encomenda no Maranhão.

Do Blog Luís Cardoso

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